segunda-feira, 7 de maio de 2012

A mesa e a diplomacia brasileira: o pão e o vinho da concórdia

Trata-se do elegante e bem-cuidado volume A Mesa e a Diplomacia Brasileira – O Pão e o vinho da concórdia. Nele, o vinho deixa de ser o protagonista, mas é parte integrante do itinerário que leva o leitor para uma viagem pelo cerimonial e pelo protocolo dos banquetes e recepções da diplomacia brasileira desde a fundação da nação. À primeira vista o tema parece ser aborrecido, como tudo que envolve protocolos, fraques e cerimonial. Algo como o vinho de polainas; o prato de abotoaduras. Mas não, o livro é um importante registro histórico, e revela a importância do banquete na vida pública. A obra está dividida em três partes. Em o Banquete, traça uma rápida linha do tempo da importância do banquete ao longo da história da humanidade. Em o Itamaraty, conta sobre a instituição do edifício-sede do serviço diplomático, no Rio de Janeiro, que virou sinônimo da diplomacia brasileira e seu sucedâneo, no Palácio do Planalto. Mas a parte que se escaneia com curiosidade de lupa é aquele que trata da Mesa Diplomática propriamente dita: o intrincado papel do cerimonial na organização das mesas (ótimas as curiosas reproduções de desenhos que mostram a distribuição dos lugares à mesa de uma recepção – isso sim é serviço diplomático!), os utensílios e pratarias utilizados e finalmente os banquetes, cardápios e cerimoniais. O relato cobre desde o tempo do Barão do Rio Branco, que normatizou o serviço – período dominado pela gastronomia francesa e vinhos idem, com um espaço para o Porto e o Madeira -, até chegar aos anos mais recentes, com a inclusão do cardápio brasileiro e do vinho nacional, introduzido pelo presidente Collor, em 1990. As reproduções  dos cardápios e fotos dos eventos são saborosas crônicas visuais de um estado que se senta à mesa para receber, negociar e comemorar acordos diplomáticos.

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